Crônica: O pior covarde é aquele que não quer ver!

por Ellaine de Araujo Campos Toledo

Uma história pouco conhecida ocorreu em 1647, em Nimes, na França, o Dr. Vincent de Paul D’Argenrt sensibilizado com o sofrimento de um aldeão cego chamado Angel, realizou com sucesso o primeiro transplante de córnea. Mas, o improvável aconteceu! Ao começar a enxergar, Angel percebeu horrorizado que o mundo era cruel e bem diferente do que ele imaginava.

Em pânico e pranto, desesperadamente solicitou ao cirurgião que arrancasse os seus olhos. Uma grande comoção se formou, mas Angel estava irredutível em sua decisão, então, o caso foi parar no tribunal de Paris e ele ganhou a causa e a fama de cego que não quis ver. Sim, o seu pleito foi atendido, os seus olhos foram retirados.

Lenda ou fato, vem daí o chavão “o pior cego é aquele que não quer ver”. Em muitas situações, embora escancaradas, algumas pessoas se recusam a ver, pelo simples fato de que “ver” moralmente implicaria na coragem de tomar uma atitude e, nesse caso, o chavão correto seria “o pior covarde é aquele que não quer ver”.

Só esqueceram de falar o óbvio para o pobre Angel, que uma vez visto e experienciado, jamais fantasiado! Ou seja, ao vermos e vivermos alguma experiência, não há a menor possibilidade de voltar atrás e apagar ou levar novamente para o campo da imaginação e fantasia. Fingir não ver é apenas uma forma desleal e covarde de enganar o outro, mas, fatalmente se enganar.

Arrancar os olhos, ou fingir não ver que as pessoas perversas sempre têm uma desculpa pronta para justificar e dissimular o mau que causou no outro é uma atitude covarde e pouco inteligente. A hipocrisia disfarçada de bondade já não convence! Aquele que “acha” que tudo tem um lado bom e que sutilmente menospreza a dor do outro metamorfoseando a realidade, apenas reafirma em si os fortes traços de psicopatia, características comportamentais divulgadas incansavelmente por inúmeros e renomados psiquiatras.

É possível imaginar um mundo melhor, mas, para atingir esse “mundo melhor” torna-se essencial manter os olhos, e de preferência bem abertos! Praticar melhores ações não por obrigação, mas, por um verdadeiro senso de integridade, com a coragem de honrar e celebrar o bem no mais alto grau.

Seja corajoso, brilhe e deixe brilhar!

Sucesso!

Imagem de Nika Akin por Pixabay